Que dia!!! Saímos da marina de Ponta Delgada sem saber realmente o que iríamos encontrar.
Os nossos vigias só conseguiram avistar um grupo de golfinhos e nada mais estava à vista. Mas, como sempre, as nossas expetativas eram altas, pois as águas dos Açores sempre nos surpreendem. E como nos surpreenderam hoje!!! Três minutos foi o tempo necessário para encontrar a nossa primeira espécie do dia. Um grupo de golfinhos roazes veio cumprimentar-nos e dar-nos “os bons dias”. Que maneira de começar a nossa manhã.
Não vimos um, mas dois grupos de cerca de 20 indivíduos, não muito longe um do outro. Ambos encantaram-nos como só eles sabem fazer: a surfar as ondas, mostrando o corpo e alguns até a saltar de lado. Enquanto observávamos estes belos animais, um dos nossos vigias em terra avistou um grupo de cachalotes ao largo de Ponta Garça, a sudeste de São Miguel. E lá fomos nós! 13 milhas náuticas era o que esperávamos fazer para ver o maior predador com dentes da Terra.
No caminho, o nosso skipper Rafael avistou uma barbatana. Mas não era qualquer uma, era de golfinho de Risso! O que um golfinho de Risso estava a fazer sozinho? Eles vivem em grupos em média de 3 a 12 indivíduos, às vezes mais. Portanto, sabíamos que o resto do grupo estava em algum lugar próximo, mas onde, não sabíamos, não estávamos a ver mais nenhum.
Partimos e apenas meia milha depois, encontrámos os seus companheiros, o grupo de golfinhos de Risso. Mas não era um grupo qualquer, era o nosso grupo residente, aquele identificado que vive no Litoral Sul de São Miguel. Foi a oportunidade perfeita para falar sobre a espécie e mostrar as suas características únicas, como cicatrizes no corpo e cabeça mais achatada.
Depois de nos divertirmos com eles, voltamos à nossa rota original. E dessa vez chegámos ao nosso destino! Encontrámos os cachalotes. Já dissemos, e repito, as águas dos Açores sempre nos surpreendem! Encontrámos um grupo de cachalotes machos! 6 deles!
Aqui nos Açores, o cachalote é conhecido como a espécie residente, podendo ser encontrada durante todo o ano. As fêmeas e os seus filhotes vivem em águas temperadas, subtropicais e tropicais. Os machos tendem a passar a maior parte do tempo em latitudes superiores a 40º, vindo a para águas quentes para acasalar.
Existem cinco tipos principais de grupos sociais dentro dos cachalotes:
1) unidade familiar, composta por cerca de 10 fêmeas e os seus filhos;
2) Grupo temporário coeso, constituído por duas ou mais unidades familiares;
3) clã, contendo muitas unidades familiares;
4) grupo de jovens do sexo masculino que vivem a sua unidade familiar ao atingir a maturidade sexual
5) machos adultos solitários.
E encontrámos 6 machos adultos juntos! Onde isto se encaixa? O que eles estavam a fazer? Nós não temos certezas. Um novo estudo liderado por Hayao Kobayashi descobriu que, embora a maioria dos cachalotes machos passem a maior parte do tempo sozinhos, alguns passam pelo menos parte do tempo em grupos ou pares de machos. Uma explicação para isso pode ser a capacidade de sobrevivência dos animais. Aproveitámos para colocar o nosso hidrofone na água, e o que descobrimos foi que eles estavam a comunicar entre si. Como isto é incrível!
Era altura de iniciarmos o nosso regresso a Ponta Delgada. Mas não antes de encontrarmos novamente o nosso grupo residente de golfinhos de Risso. Desta vez, porém, eles tinham uma pequena e enorme surpresa para nós. Um recém-nascido! Que maravilha ver este pequenino a viajar ao lado da sua mãe e a mostrar alguma curiosidade por nós! Uma maneira incrível de terminar o nosso passeio.
Hoje foi um dia cheio de espécies residentes. O que nos espera amanhã? Venha e descubra connosco. Uma coisa é certa, as águas dos Açores nunca nos dececionam!!!