Como é que os golfinhos dormem e respiram?

golfinhos respiram

Neste artigo vamos responder a algumas questões frequentes que nos fazem sobre golfinhos.

É conhecida a existência de 44 espécies diferentes de golfinhos no mundo inteiro. 38 espécies oceânicas, as mais conhecidas, e 5 de água doce ou salobra (Klinowska et al , 1991).

Os golfinhos dividem-se em cinco famílias diferentes:

  • Delphinidae (golfinhos oceânicos)
  • Platanistidae (golfinhos do rio Indus e Ganges)
  • Iniidae (golfinhos do rio Amazónia)
  • Pontoporiidae (golfinhos do rio La Plata)
  • Lipotidae (golfinhos do rio Baiji, também conhecido como golfinhos chineses de água doce)
36 das 38 espécies de golfinhos mais conhecidas

No arquipélago dos Açores, já foram vistas 11 espécies diferentes de golfinhos. Três destas espécies podem ser avistadas durante todo o ano: Golfinhos roazes, golfinhos comuns e golfinhos de Risso.

Como respiram os golfinhos?

Os golfinhos são mamíferos o que significa que precisam de vir à superfície para respirar e colocar oxigénio nos pulmões. Não conseguem respirar debaixo de água porque não têm guelras.

Anatomia de um golfinho (Wikipedia, informação recolhida em novembro de 2019).

Eles respiram através do espiráculo, que funciona como uma narina e se encontra no topo da cabeça. Quando os golfinhos respiram o ar vai diretamente para os seus pulmões. Inspirar e expirar demora apenas uma fração de segundo e respiram 2 a 3 vezes por minuto (Ponganis et al, 2003).

Golfinho a respirar à superfície com o espiráculo (foto de Mariana Silva)

Se é mergulhador, o mais provável é já ter ouvido falar das consequências negativas resultantes da descompressão. Quando os mergulhadores emergem demasiado rápido, o nitrogénio na corrente sanguínea forma bolhas e pode provocar dores musculares, paralisia e em alguns casos, a morte. Isto é um grande risco para os humanos, mas não para os golfinhos!

Os golfinhos quando mergulham reduzem a sua necessidade de oxigénio, o batimento cardíaco diminui e o sangue corre mais lentamente pelo corpo (Cozzi et al., 2017). Durante um mergulho profundo apenas órgãos importantes como o cérebro e o coração recebem sangue rico em oxigénio. Há evidências de que os golfinhos conseguem controlar o ritmo cardíaco e o volume de sangue por minuto que é bombeado pelo coração (Cotten et al, 2008).

Os mamíferos marinhos têm duas zonas pulmonares: uma cheia com ar e a outra colapsada. Investigadores acreditam que o sangue flui principalmente na segunda e por isso os golfinhos conseguem controlar a quantidade de nitrogénio que flui na sua corrente sanguínea e evitar problemas de descompressão (Cotten et al, 2008).

Os humanos respiram de forma involuntária. Nós continuamos a respirar mesmo quando estamos inconscientes. Já os golfinhos respiram de forma voluntária e tomam a decisão consciente de quando inalar o ar. Por isto, os golfinhos nunca adormecem por completo. O cérebro deles tem de se manter ativo para que possam respirar. Vamos agora ver como os golfinhos descansam…

Como dormem e descansam os golfinhos?

Esta é uma das perguntas mais frequentes durante as nossas viagens. Como já referido acima eles precisam de estar num estado consciente para conseguir respirar. Um estudo feito a alguns golfinhos roazes (Tursiops truncatus) em cativeiro mostrou que quando estes dormem, um dos hemisférios cerebrais está ativo enquanto o outro está em sono profundo, também conhecido como sono de baixa frequência cerebral. Isto é conhecido como sono uni-hemisférico (Mukhametov et al., 1997; Oleksenko et al., 2002). Durante este acontecimento o olho oposto ao hemisfério cerebral ativo encontra-se aberto (Mukhametov et al, 1997).

Durante algum tempo acreditou-se que o sono uni-hemisférico se devia à necessidade constante dos golfinhos estarem à superfície para respirar, mas isto pode ser um mecanismo de defesa contra predadores.

Eletroencefalógrafo mostra os dois hemisférios cerebrais de um golfinho. Conseguimos ver quando um dos lados se encontra ativo e o outro adormecido (Mukhametov LM et al, 1997).
Escrito por María Huamán Benítez

Bibliografia 

  • Bruno Cozzi, Stefan Huggenberger, Helmut Oelschläger (2017). Diving: Breathing, Respiration, and the Circulatory System. Anatomy of Dolphins, 91-131.
  • Cotten PB, Piscitelli MA, McLellan WA, Rommel SA, Dearolf JL, Pabst DA. (2008) The gross morphology and histochemistry of respiratory muscles in bottlenose dolphins, Tursiops truncatus. J Morphol. 269(12):1520–1538.
  • Klinowska, M. 1991. Dolphins, Porpoises and Whales of the World: The IUCN Red Data Book. IUCN – The World Conservation Union, Gland, Switzerland. 429 pp.
  • Mukhametov LM, Oleksenko AI, Polyakova (1988) IG. Quantification of ECoG stages of sleep in the bottlenose dolphin. Neurophysiology.20:398–403.
  • Oleksenko AI, Mukhametov LM, Polyakova IG, Supin AY, Kovalzon VM.(1992) Unihemispheric sleep deprivation in bottlenose dolphins. J Sleep Res.1:40–4.
  • Ponganis, P. J., Kooyman, G. L. and Ridgway, S. H. (2003). Comparative diving physiology. In Bennett and Elliott’s Physiology and Medicine of Diving (ed. A. Brubakk and T. S. Neuman), pp. 211-226. Edinburgh: Saunders Ltd.
Webliography 
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

You May Also Like