Equipa de Biólogos da FuturismoA envolvente da ilha do Pico nos Açores
A ilha do Pico fica situada no grupo central do arquipélago açoriano e faz parte das ilhas do triângulo (Pico, Faial e São Jorge). O Pico é a ilha mais a Sul e fica apenas a 8km da ilha do Faial e a 15km da ilha de São Jorge. Estas três ilhas dos Açores são muito diferentes, muito bonitas e complementares.
A ilha do Pico tem 46km de comprimento e 15km de largura, o que a torna a segunda maior ilha dos Açores. No centro da ilha do Pico encontramos a montanha mais alta de Portugal: a majestosa Montanha do Pico tem 2351 metros de altura. Para conhecer melhor a história vulcânica da ilha, poderá visitar as grutas vulcânicas ou tubos lávicos. A maior gruta de origem vulcânica dos Açores é a Gruta das Torres, na ilha do Pico, com cerca de 5km de extensão.
Com cerca de 300 000 anos, o Pico é a ilha mais jovem dos Açores. As últimas erupções registadas foram em 1718 e 1720, e ficaram a ser conhecidas pelos picoenses como “mistérios”. Estão ainda bem visíveis na paisagem costeira e podem ser facilmente vistas do mar a sul da ilha. No Pico é possível encontrar montanhas repletas de rochas vulcânicas, extensões com vegetação nativa e pastagens extensas com gado. A paisagem da vinha, na zona da Criação Velha foi considerada Património Mundial da UNESCO em 2004. Esta vinha envolta de labirintos de pedra basáltica e cultivada em terreno vulcânico é única no mundo. Há até quem diga que, se todos os muros utilizados nas vinhas da ilha do Pico fossem colocados em linha reta, seriam suficientes para dar a volta ao equador duas vezes!
Desde meados do SÉC. XVII e durante dois séculos nos Açores e em especial no Pico, a maioria dos camponeses virou-se para o mar como forma de sustento. “Com os arpões e orações, eles têm caçado baleias durante décadas (…)”. Dada a importância histórica e socioeconómica desta atividade, a herança baleeira foi preservada até aos dias de hoje. E é possível quase revivê-la quando se visita o Museu dos Baleeiros,nas Lajes do Pico ou a Fábrica da Baleia, em São Roque do Pico. Algumas técnicas desenvolvidas pelos baleeiros ainda são usadas hoje, como é o exemplo dos vigias colocados em pontos estratégicos para encontrar os animais no Oceano Atlântico.
Os vigias são uma peça importante para a observação de baleias e golfinhos nos Açores, pois são eles quem procuram os animais e depois comunicam a informação aos comandantes das embarcações.
Se quer saber mais sobre a história e a herança do Pico durante os anos da baleação, junte-se a nós durante uma fantástica experiência para ver baleias e golfinhos.
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atração.” (Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas
Os cetáceos que se podem encontrar no Pico
As caraterísticas físico-químicas caraterizam a vida marinha neste pequeno paraíso no meio do Oceano Atlântico. As 9 ilhas dos Açores têm uma enorme diversidade e complexidade vulcânica que se distribuem pelas 3 placas tectónicas: a euroasiática, a norte-americana e a africana.
A poucos quilómetros da costa, as batimetrias (medição da profundidade dos oceanos) aumentam rapidamente graças às inclinações elevadas e chegam a atingir profundidades superiores a 3000 metros. Até ao momento, nesta área foram descobertas 6 fontes hidrotermais e ambientes extremamente ricos que fertilizam as águas e portos de muitas espécies únicas. Nestas profundidades existem mais de 200 montes submarinos que, anteriormente eram vulcões ativos. Estão acima dos 1000 metros de Bentos, isto é, o que se designa como comunidade de organismos que vive no substrato de ambientes aquáticos e normalmente induzem uma explosão de vida subaquática, criando zonas agregadoras importantes para presas e predadores, tal como aves marinhas, várias espécies de atum, tubarões e cetáceos! Por último, nos Açores temos variações de temperatura sazonais que atingem o mínimo de 15ºC em março e um máximo de 25ºC no final do verão e princípio do outono.
Graças a todas estas condições, já foram avistadas 28 espécies diferentes de cetáceos nos Açores, cerca de um terço de todas as espécies existentes no mundo. Algumas delas podem ser consideradas residentes porque são vistas regularmente ao longo de todo o ano. As nossas espécies residentes são os cachalotes, golfinhos comuns, golfinhos roazes e golfinhos de Risso.
As experiências de observação de cetáceos no Pico com a Futurismo podem levar até 16 pessoas no nosso semirrígido Alfredo Baleeiro. O nome foi atribuído a esta embarcação em homenagem a um dos nossos vigias que trabalhou na caça à baleia até esta ser banida em 1986, altura em que começou a trabalhar como vigia para observar baleias e golfinhos.
Durante 2018, de abril a outubro, as espécies mais encontradas na ilha do Pico foram os golfinhos de Risso (64,2% dos dias que saímos para o mar), cachalotes (62,2%) e
golfinhos comuns (53,4%). Especialmente durante a primavera, vimos muitas baleias de barbas, tais como o maior animal do mundo – a baleia azul, a baleia comum e a baleia sardinheira e a baleia de bossa.
Durante a primavera de 2018, a baleia comum foi vista em 61,7% dos dias que saímos para o mar, a baleia azul 42,55%, a sardinheira 12,77% e a baleia de bossa 4,26%.
Porém, a baleia sardinheira também foi vista em alguns dias durante o verão.
Quando a temperatura da água começou a aumentar os curiosos e ativos golfinhos pintados começaram também a aparecer. Tal como famílias de baleias piloto e outras espécies de baleias de bico (da família Ziphiidae) – os mergulhadores das profundezas, que durante esta estação nos surpreendem com alguns dos seus enormes saltos.
Nos períodos mais quentes podemos também ver espécies tropicais como as baleias-de-Bryde. Algumas surpresas incluem o aparecimento de orcas, golfinho-de-Fraser, golfinho caldeirão e o cachalote-anão. Algumas destas espécies, por exemplo as orcas e a falsa-orca podem ser vistas em qualquer estação, pois são vistas de forma irregular e ocasional que não conseguimos prever ainda a altura padrão de avistamento.
Natação com golfinhos no Pico
Para os interessados numa experiência com grande proximidade aos animais, isto é, natação com golfinhos na ilha do Pico saiba que é possível nadar com 5 espécies diferentes de golfinhos. Nomeadamente, golfinhos comuns, golfinhos riscados, golfinhos de Risso, golfinhos roazes e golfinhos pintados. A primavera e o verão são as melhores estações para esta atividade. Para esta experiência a Futurismo fornece fatos de neoprene de manga curta, óculos de mergulho/máscara e tubo (snorkel). Se utilizar óculos, é preferível trazer lentes de contacto ou, se preferir, a sua máscara pessoal.
Se fizerem observação de cetáceos connosco a partir da ilha do Pico a probabilidade de conseguir ver cetáceos é extremamente alta! Isto deve-se a fatores favoráveis da localização da ilha, mas também aos nossos fantásticos vigias que estão em locais estratégicos e, além disso, contam também com a ajuda dos poderosos binóculos para encontrar os animais.
Apesar de ser uma situação pouco comum, mas se por acaso não for possível ver nenhuma espécie de cetáceo durante a viagem, terá sempre o direito de reservar uma segunda viagem gratuitamente.
Quando se juntar a nós traga o seu espírito aventureiro e a curiosidade para aprender mais sobre estes magníficos animais e o melhor que o Pico tem para lhe oferecer. Deixe-se fascinar pelas espécies residentes e migratórias, com os seus apreciados comportamentos como caçar, alimentação ou mesmo assistir ao raro nascimento de algumas espécies. A Futurismo segue a legislação local e as diretrizes da Aliança Mundial de Cetáceos (WCA) para respeitar o bem estar dos animais e manter as distâncias de segurança durante as nossas viagens de observação de cetáceos. A segurança e o respeito pelos animais são a prioridade para nós!
Conselhos para quem enjoa no mar: se tiver tendência a enjoar durante as viagens de barco, traga roupa mais leve, um casaco corta vento e alguns snacks leves para comer durante a viagem. Nós forneceremos um casaco impermeável a cada passageiro. Não é aconselhável ir de estômago vazio. Bananas e gengibre são alimentos que ajudam a prevenir as náuseas, enquanto que comidas gordurosas, com alto teor de açúcar e bebidas alcoólicas devem ser totalmente evitadas.
Escrito por Maria Fonseca e Rui Santos
Bibliografia
- Blog RTP Ensina. ‘’Baleeiros açorianos: a história que não se repete.’’ Disponível em:
- Governo Regional dos Açores. 2012. “Uma proposta para uma melhor proteção da área marinha em torno dos Açores, no âmbito da reforma da Política Comum das Pescas”;
- García, Laura González, Graham J. Pierce, Emmanuelle Autret, and Jesús M. Torres-Palenzuela. 2018. “Multi-Scale Habitat Preference Analyses for Azorean Blue Whales.” PLoS ONE 13 (9): 1–25. doi:10.1371/journal.pone.0201786.
Equipa de Biólogos da Futurismo
Sandrina Rodrigues
