As diferenças entre cetáceos em cativeiro e no habitat natural

captivity dolphins

“Nenhum aquário ou tanque em terra, por muito espaçoso que seja, pode replicar as condições do oceano. E não pode ser considerado normal nenhum golfinho ou outra espécie, viver nessas condições” – Jacques Yves Cousteau

Todos adoramos baleias e golfinhos e a indústria aproveitou-se de ter animais em cativeiro para conseguir lucros enormes à custa do sofrimento destes animais.

Os parques temáticos e oceanários são muito populares, especialmente entre as crianças. Esta indústria tornou-se um grande negócio para atrair turistas a observarem ou nadarem com estes animais fantásticos em cativeiro. No entanto, estes animais vivem em condições completamente inapropriadas.

De acordo, com a Change For Animals Foundation, (CFAF) parceira da WCA, existem atualmente cerca de 2000 cetáceos em cativeiro, no mundo inteiro, na sua maioria golfinhos. Desde 1950, mais de 5000 cetáceos já morreram em cativeiro. Hoje é possível encontrar, entre outras espécies, toninhas, golfinhos roazes, orcas, belugas, baleias pilto, golfinhos pintados, golfinhos comuns e spinner dolphin (Stenella longirostris).

Em 2017, 58 países tinham cetáceos em cativeiro. Estes animais são obrigados a fazer espetáculos de entretenimento, onde fazem várias acrobacias que nada tem a ver com os seus comportamentos naturais. Tudo isto em troca de comida dada pelos treinadores. O facto de eles estarem sempre “presos” no tanque faz com alguns fiquem mais agressivos ou, em outros casos ainda mais graves, se auto-mutilem.

Portugal tem dois parques temáticos com golfinhos, um em Lisboa e outro no Algarve. Em conjunto, eles têm um total de 25 golfinhos roazes, o Zoomarine no Algarve é o maior com 21 golfinhos.

O golfinho roaz (Tursiops truncatus) é a espécie com mais indivíduos em cativeiro, seguido pelas orcas (Orcinus orca). Ambas as espécies são fantásticas e devem ser preservadas. Com a Futurismo, é possível ver estas espécies no seu habitat natural. O golfinho roaz pode ser visto durante todo o ano nas águas açorianas, enquanto a orca é menos comum, apesar de ser vista ocasionalmente quase todos os anos.

A inteligência destas duas espécies foi importante para facilitar o treino de truques e acrobacias impressionantes para o público geral, embora estes comportamentos não sejam necessariamente naturais. Estes animais conseguem captar o interesse do público e são uma fonte de rendimento importante para os parques temáticos. No entanto, cetáceos em cativeiro foram e são usados maioritariamente para entretenimento das pessoas. Na tentativa de tornar a ideia de manter estes cetáceos em cativeiro mais aceitável, são utilizados chavões como “educação” e “pesquisa científica” como justificação para que estes animais continuem a ser adquiridos. E também que a indústria aumenta a consciencialização para a preservação de cetáceos com os estudos científicos, no entanto estes são argumentos insuficientes. Agora já é possível usar outro tipo de ferramentas para mostrar a realidade à população. Cada vez é mais acessível observar os animais no seu habitat natural. Mas nem sempre foi assim, por isso antes os oceanários e os parques temáticos tiveram um papel relevante para a consciencialização, mas não hoje… Nem pensar!

No seu habitat natural, os golfinhos roazes e as orcas podem nadar entre 65-160 km por dia e conseguem atingir uma velocidade de até 40 km/h e as orcas 55 km/h. Os golfinhos roazes conseguem também mergulhar até 300 metros de profundidade e as orcas cerca de 700, sendo que o recorde é de 1000 metros de profundidade!

Nos tanques pequenos eles nadam em círculos e entram em depressão. Os golfinhos roazes vivem até aos 50-60 anos e as orcas até 70-90 anos. Já em cativeiro, a esperança média de vida é de apenas metade. Por exemplo, os golfinhos raramente vivem mais de 20 anos!

“A vida num tanque é uma realidade muito distante do habitat natural de um cetáceo e isto tem um impacto enorme no seu estado físico e mental. Quando livres, no habitat natural algumas orcas já foram documentadas a viajar mais de 9400 km em 42 dias e atingiram velocidades de 30 milhas por hora (cerca de 51,5 km/h). O maior tanque do mundo tem apenas 70 metros de comprimento. O mergulho mais profundo registado de uma orca foi de mais de 400 m, o tanque mais profundo do mundo que abriga orcas tem 12 m”, refere a Change For Animals Foundation.

De acordo com a organização WDCS (Whale and Dolphin Conservation Society), no passado, os parques temáticos tentaram manter até 35 espécies em cativeiro, com pouco ou nenhum sucesso, aumentando assim o número de mortes.

Felizmente, as pessoas estão rapidamente a ganhar consciência do impacto que é os animais viverem em cativeiro. Os parques temáticos começaram a ser proibidos e algumas localidades. Para por um ponto final ao cativeiro, precisamos de encontrar um lugar para estes animais poderem ir. Mas isto não é fácil. Não se pode simplesmente pegar numa baleia ou golfinho mantido em cativeiro e devolver ao oceano. Alguns deles podem precisar dos humanos até ao fim das suas vidas e os restantes terão de aprender novamente as técnicas de sobrevivência.

A criação de santuários já foi falada e proposta algumas vezes. Por exemplo, duas belugas que foram capturadas e forçadas a viver em parques temáticos chineses estão a ser devolvidas à natureza na Islândia, afirmou um porta voz da Britain’s Sea Life Trust, que lidera o projeto.

Se pretende saber mais, consulte estas páginas:

Não veja animais em cativeiro! Venha aos Açores e desfrute de uma observação de cetáceos responsável, no seu habitat natural onde os animais merecem ser felizes!

Artigo de Rodrigo Sousa, Biólogo Marinho

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