A importância dos vigias para a observação de baleias e golfinhos

O nosso vigia Roberto à procura de baleias

Tem curiosidade em saber como se procura por baleias e golfinhos em São Miguel? Então este é o artigo que procura! Vamos explicar onde os vigias se colocam, o que utilizam para encontrar os animais e quais os comportamentos possíveis de detetar a grande distância.

Vigias na costa norte de São Miguel
Figura 1. Vigia à procura de cachalotes na costa norte de São Miguel. Foto: Miranda van der Linde

Como podemos ver na imagem acima, o vigia coloca-se numa zona estratégica, elevada, junto à costa e utiliza uns potentes binóculos. A função dos vigias existe desde a época da baleação, pois já naquela altura eram os vigias os responsáveis por encontrar as baleias e direcionar os barcos. Hoje, o vigia mantém a sua importância pois é ele que encontra e informa, via rádio, o comandante do barco que está em alto mar em busca de baleias e golfinhos.

Para além de se dedicarem a procurar e encontrar cetáceos durante as viagens de observação e natação com golfinhos, os vigias também recolhem dados científicos valiosos sobre a existência desses animais à volta da ilha de São Miguel. Saiba mais sobre o trabalho dos vigias num artigo anterior escrito no nosso blogue.

Na Futurismo, a equipa de biólogos marinhos participa nas viagens para o mar, mas a curiosidade já os levou em algumas circunstâncias a juntar-se aos vigias. Isto permitiu-lhes perceber o quão difícil e exigente esta função pode ser.

Os vigias começam o dia bem cedo

Os vigias começam a trabalhar às 7h porque precisam de bastante tempo para procurar baleias e golfinhos antes das viagens do dia começarem.

Um dia os biólogos também quiseram vestir a pele dos vigias. Procuraram durante uma hora e não encontraram nada! Entretanto, com o olhar experiente, o vigia encontrou dois grupos de golfinhos comuns (sim, eles conseguem identificar a espécie de golfinho apenas com recurso a binóculos). Com a ajuda do vigia, os biólogos conseguiram identificar um salpico na água. Muito pequeno! Devia ser de um golfinho. Ao fim de pouco tempo, confirmou-se que eram mesmo golfinhos a saltar. Eles eram muito pequenos, e consegue-se ter essa noção mesmo através dos binóculos. É incrível perceber como o olhar treinado de um vigia consegue identificar estes cetáceos a uma grande distância.

A localização desta vigia na costa norte, com cerca de 100 metros de elevação, permite observar até 20 milhas náuticas (cerca de 37 quilómetros). Para ter uma noção do quão potentes são estes binóculos que os nossos vigias usam.

O impacto do reflexo na água

Neste mesmo dia, no lado sul da ilha de São Miguel, estava outro vigia e outra equipa de biólogos. Ali, não existia uma cabine para proteger o vigia do sol ou vento. Neste caso, estava muito frio, vento e o sol brilhava de frente. Numa hora de procura não foi possível encontrar animais e como se observa na imagem 2, o local onde o sol batia era impossível encontrar quaisquer animais ali.

Brilho do sol na água mesmo em frente à localização do vigia
Imagem 2. Clarão do sol muito forte na água da perspetiva dos vigias. Foto: Fadia Al Abbar

Paisagens fantásticas das vigias

Já noutra localização e no outro lado da ilha, o campo de visão era bastante amplo. Este local era bastante elevado e exposto, tornando um pouco mais difícil encontrar os animais. Na imagem 3 é possível ver linhas vermelhas e a distância entre ambas representa de forma aproximada o campo de visão dos binóculos. Assim, conseguimos perceber quanto tempo demora a procurar por baleias e golfinhos neste campo de visão! Este local onde era ameno e a vigia oferecia abrigo e conforto, no caso estar muito calor no exterior, um sítio relaxante para procurar cetáceos.

Visão do vigia entre as linhas vermelhas
Imagem 3. Visão desde a vigia. Linhas vermelhas adicionadas para demonstrar o campo de visão dos binóculos. Foto e edições: Fadia Al Abbar

O Vigia e os biólogos procuraram por baleias e ao fim de 30 minutos de procura foi encontrado um sopro! Desta vez, foi novamente o olhar experiente do vigia a encontrar o animal. Era uma baleia comum. Este trabalho requer muita paciência, esforço e experiência. Algumas vezes, as baleias mergulham de forma rápida e torna-se difícil detetar de novo o sopro, especialmente se estiver a viajar rápido e fora do campo de visão dos binóculos. Demoraram vários minutos até se conseguir encontrar mais um sopro desta baleia e desta vez, os biólogos também conseguiram encontrar o animal! Na imagem 4 foi representado o sopro da baleia segundo a descrição dos biólogos. Pareceu um sopro muito pequeno, mas ainda assim era maior e mais fácil de encontrar do que um sopro de golfinho, também devemos considerar que um sopro de uma baleia de barbas atinge até 6 metros de altitude e os golfinhos comuns atingem entre 2 e 3 metros.

Como vimos, existem diversos locais e condições meteorológicas, na mesma ilha e no mesmo dia, enquanto se procura por cetáceos. E por isto, os vigias são elementos chave nesta atividade e fazem um trabalho incrível a encontrar estes animais. E por isto queremos prestar a nossa homenagem e o merecido reconhecimento!

Uma amostra de um sopro de uma baleia quando é avistado por binóculos
Imagem 4. Representação de como se conseguiu ver através dos binóculos um sopro de baleia. A seta aponta para o sopro. Atenção: esta não é uma foto de um sopro de baleia. Foto e edição: Fadia Al Abbar

Como vimos, existem diversos locais e condições meteorológicas, na mesma ilha e no mesmo dia, enquanto se procura por cetáceos. E por isto, os vigias são elementos chave nesta atividade e fazem um trabalho incrível a encontrar estes animais. E por isto queremos prestar a nossa homenagem e o merecido reconhecimento!

Artigo de Fadia Al Abbar, Bióloga Marinha   Vídeo sobre o trabalho de um dos vigias da Futurismo    

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